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quinta-feira, 27 de junho de 2019

Hippies de bom coração.

          Nasci numa sexta feira santa (03/04/53); as 18h00min; hora da procissão; enquanto as matracas batiam, compassadas com as pisadas duras das botas, assustado, penso, dificultava a saída de dentro de Maria. Me envolvi com a encruzilhada do morro do mendanha, numa dialética interessante. Cultivei hortas, daí a paciência pela colheita. Vi Mauro Borges entrincheirado em plena praça cívica cercado por tanques sherman não se submeter. 
          No nascedouro dos 60, o começo contra o racismo; o feminismo ganhou força; a explosão mágica de 68 inspirados por Marcuse, Marx, Sartre, Simone de Beauvoir e outros criticou-se o que já era; a Primavera de Praga; ascensão e morte de Luther King.
          Em 1969 mais de 800 mil jovens conviveram entre si por mais de três dias, em paz e harmonia. Ao mesmo tempo em que criticavam o capitalismo, não apoiavam o autoritarismo dos regimes socialistas. Os movimentos feministas se fortaleceram, o Black Power, a liberação gay ou o início do movimento por uma livre opção sexual.
         No Brasil ingênuo, estudantes e sindicalistas lutavam contra o "golpe"; surge a Tropicália e o ato Institucional no. 5, Brasil Tricampeão: “Ame-o ou deixe-o”. Enquanto Europa e América ampliavam suas conquistas políticas e culturais, éramos impedidos, por estes mesmos, de que o mesmo acontecesse conosco.
         Viajei este mundão velho de mochila; pegava carona e dormia onde desse; uma confiança extremada de que todas as “portas se abririam para um hippye de bom coração”.
          E o Brasil(Nós)? Continuamos ingênuos, os fatos se repetem com muito mais ousadia acobertados por uma névoa, uma fumaça que desenha contornos de uma falsa moralidade, avalizados por institutos sem credibilidade nenhuma.
          Afundamos na ignorância, o Estado transformou-se em um conveniente labirinto, com vários outros labirintos em seus corredores, intransponíveis, não sabemos nada, não temos acesso a nada. Somos diuturnamente enganados.
          Financiamos esse monstro compulsivamente, um vício, compramos e nos vendemos o tempo inteiro, completamente amassados pela falta de massa pensante, deixamos a tempos de estar sociedade de consumo para ser sociedade de mercado. A Vida se tornou um vício que nos imobiliza, estamos mortos?
“...portas se abririam para um hippye de bom coração.”. Agora quando.

Júlio César de Carvalho Jota




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