Pensando o
golpe. Me seduz imaginar um pensamento que tenha elaborado toda a estratégia a
partir dos movimentos de 2013; movimentos de pura insatisfação, não só com as
questões da política, da economia ou de algum trauma ideológico, era o precariado
se manifestando.
Em 2014, no
início, com a Dilma tendo alcançado um alto índice de aprovação, quase 80%,
escrevi algo no meu diário eletrônico que isso, já segundo um conhecido o Rodrigues,
a unanimidade era uma coisa perigosa e me perguntava – onde está a oposição
deste país?
Nas manifestações
de Junho de 2013 não existia um lado, ninguém embandeirava a ação, não havia
uma representação de liderança ou um oportunista para se apropriar daquilo. Mas
nas outras que ocorreram já percebia a introdução de movimentos pensados com a
intenção clara de serem captadas pela mídia conveniente. E aquilo foi mudando
de forma e cor, objetivando a partir daquele momento, já embandeirados, dividir
ou criar lados.
Em um país
cujas setas direita e esquerda só serviam para direcionar os rumos dos cofres e
a necessidade do contraditório não existia, era muita unanimidade, aqueles
movimentos, pós Junho, surpreenderam.
No mundo
Hobesiano brasileiro onde a lei do mais forte prevalece com o grande capital e
seus conglomerados distribuindo moedas (quase uma diversão para eles) e os
salteadores não são poucos, construir uma não unanimidade foi fácil. A não
unanimidade mapeia insatisfações e demonstra a qualidade da massa critica que
de certa forma pode mudar os rumos quando o compromisso assumido não esta sendo
cumprido, mas o que me chamou a atenção foi de que maneira esta construção se
materializou.
O PMDB este
apêndice podre do Estado, que nunca foi vidraça, incentivado, instigado e
financiado pelo grande capital, viu ali ou foi forçado a ver, uma oportunidade
de se apropriar de algo que jamais obteria com o passo que lhe é
convenientemente peculiar, a partir de então com instrumentos midiáticos parceiros,
contando ainda com a ingenuidade amadora da nossa gestora e, sim, com a
insatisfação de parte da população começa a gestação daquilo que culminaria com
o impedimento da Dilma em um primeiro ato. Os meios que foram utilizados serviram
para dividir o país e o acirramento de um raso debate entre estas partes legitimou,
(será?) o fim desejado. Agora começa o
segundo ato desta ópera bufa. Será que vão sair da zona de conforto de serem
parasitas do Estado e ter a coragem de tornarem-se frágeis vidraças submetidas
ao grande capital. Algo me diz que vão fugir da raia. Estes eletrochoques foram
além da conta e muitos acordaram de um sono longo e letárgico. #Brasilmudou.
Júlio César de Carvalho Jota
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