Olhando
fotos, vídeos, folheando cartas, passeando por lugares já passeados, um flerte
necessário com o passado. O que já não é está depositado na memória.
Estas visitas
que são coisas do espírito depois de um certo tempo humano, quando ficamos um
pouco mais antigos, passam a ser mais
frequentes, de certa forma nos auxiliam a entender o por que da
vontade ficar mais mansa na busca por projetos que nos aproximem daquilo
que vem mas que ainda não existe.
Nascimento
e morte. De todos os que habitam este mundo somos os únicos que temos
consciência da morte.
Memória e
Vontade, instrumentos que o espírito utiliza para trafegar com desenvoltura
naquilo que já foi e naquilo que ainda não é; este passeio nos faz imaginar uma possibilidade de prolongar o intervalo
ou até mesmo criar uma fenda entre o já foi e o ainda não é, em uma tentativa inócua
de que momentaneamente sejamos só observadores da pressão que estas forças
exercem uma sobre a outra.
Percebo as
pessoas preocupadas com a aparente velocidade do tempo quando com uma certa
melancolia exclamam “o ano já esta findando”.
O fade
noturno com seu tempo diferenciado, gravado em película, com fotografia e
direção de câmeras espetaculares que em alguns momentos nos faz viver uma vida
inteira e normalmente serviria para amansar a vontade anda misturando-se com o
chão sacro/profano da realidade e é nesta troca de portais que nos confundimos
e mais uma vez somos vencidos pela não percepção de que todo movimento é
executado neste quase inexistente intervalo.
A intensidade da ansiedade faz com
que projetemos aquilo que ainda não é ao mesmo tempo que já foi. Aquilo que
poderia vir, já foi.
Júlio César de Carvalho Jota
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