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quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Ainda não é X Já foi

        Olhando fotos, vídeos, folheando cartas, passeando por lugares já passeados, um flerte necessário com o passado. O que já não é está depositado na memória.
Estas visitas que são coisas do espírito depois de um certo tempo humano, quando ficamos um pouco mais antigos,  passam a ser mais frequentes, de certa forma nos auxiliam a entender  o por que da  vontade ficar mais mansa na busca por projetos que nos aproximem daquilo que vem mas que ainda não existe.
Nascimento e morte. De todos os que habitam este mundo somos os únicos que temos consciência da morte.
Memória e Vontade, instrumentos que o espírito utiliza para trafegar com desenvoltura naquilo que já foi e naquilo que ainda não é; este passeio nos faz  imaginar uma possibilidade de prolongar o intervalo ou até mesmo criar uma fenda entre o já foi e o ainda não é, em uma tentativa inócua de que momentaneamente sejamos só observadores da pressão que estas forças exercem uma sobre a outra.
Percebo as pessoas preocupadas com a aparente velocidade do tempo quando com uma certa melancolia exclamam “o ano já esta findando”.

O fade noturno com seu tempo diferenciado, gravado em película, com fotografia e direção de câmeras espetaculares que em alguns momentos nos faz viver uma vida inteira e normalmente serviria para amansar a vontade anda misturando-se com o chão sacro/profano da realidade e é nesta troca de portais que nos confundimos e mais uma vez somos vencidos pela não percepção de que todo movimento é executado neste quase inexistente intervalo. 
A intensidade da ansiedade faz com que projetemos aquilo que ainda não é ao mesmo tempo que já foi. Aquilo que poderia vir, já foi.

Júlio César de Carvalho Jota


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