Postagem em destaque

Fome de que

Eles não veem novelas, se enovelam em novelos humanos; não velam só revelam a novela humana em novenas sacroprofanas. Júlio César de Carval...

Pesquisar

terça-feira, 17 de março de 2015

Março de 2003-texto antigo

Sábado, 08 de Março de 2003. Dias atrás, sentado em um dos bancos que volteiam um jovem coqueiro da Praça Maria Josefina, pensei na forma anatômica da grande igreja, uma gilete, ela corta dos dois lados com extrema precisão muito antes do romance Ubaldiano. E hoje vendo o clamor pelo exercito nas ruas me lembro de um tempo não muito distante onde à população insuflada pelos movimentos clericais e receosa, também agiu da mesma forma. O que me leva a pensar num roteiro carcomido, meio que amarelado, mas que pode voltar ao topo das bilheterias com grande sucesso. A diferença é que nesta nova forma, fugindo um pouco do controle do roteirista, acontece um grande movimento de personagens, anônimos, formados por uma grande massa de figurantes que sentem na pele o texto elaborado, mas continuam a não saber interpretá-lo, são movidos por rótulos, não compreendem os conceitos mais básicos.  
Hoje, na janela de pequenas polegadas, observo alguns atores da encenação passada, tecendo comentários sobre os vários atos encenados naquele palco. Vejo saudosa e dolorida memória naquelas figuras quando dizem que foram e realmente foram perseguidos, torturados, censurados, por um inimigo palpável, que do nada apareciam, quebrando, batendo e prendendo. Percebo também que alguns atingiram a meta proposta que era a difusão de suas ideias; pois são pessoas onde visualiza-se nitidamente o sucesso seja na política, literatura, cinema, música, no teatro e em diversos cargos públicos. Pensando, alguns vivem memórias de tempos passados e que a imobilidade causada por um bloqueio (in) consciente permite hoje movimentos muito mais duros, orquestrados por inimigo muito mais poderoso, e,  muito mais voluptuoso, o mercado do puro dinheiro. Talvez a dificuldade se dê exatamente por isso, contaminados por este vício, governos transformam-se em mercadores da alma alheia e às vezes até em merca-honras, mesmo tendo na sua condução algumas pessoas que sabemos justas e interessadas no desenvolvimento e felicidade do seu povo.

Ao contrário da encenação passada, hoje, o poderio deste personagem é tamanho que realiza toda sua apresentação com muita clareza e transparência, assumindo de vez o seu papel; lastreado por uma turba que não sabe o que pensa, porque pensa e não entende o que pensa nem o pensamento pensado. Trágico.

Júlio César de Carvalho Jota



Nenhum comentário:

Postar um comentário