Sábado, 08
de Março de 2003. Dias atrás, sentado em um dos bancos que volteiam um jovem
coqueiro da Praça Maria Josefina, pensei na forma anatômica da grande igreja,
uma gilete, ela corta dos dois lados com extrema precisão muito antes do
romance Ubaldiano. E hoje vendo o clamor pelo exercito nas ruas me lembro de um
tempo não muito distante onde à população insuflada pelos movimentos clericais
e receosa, também agiu da mesma forma. O que me leva a pensar num roteiro
carcomido, meio que amarelado, mas que pode voltar ao topo das bilheterias com
grande sucesso. A diferença é que nesta nova forma, fugindo um pouco do
controle do roteirista, acontece um grande movimento de personagens, anônimos,
formados por uma grande massa de figurantes que sentem na pele o texto
elaborado, mas continuam a não saber interpretá-lo, são movidos por rótulos,
não compreendem os conceitos mais básicos.
Hoje, na
janela de pequenas polegadas, observo alguns atores da encenação passada,
tecendo comentários sobre os vários atos encenados naquele palco. Vejo saudosa e dolorida memória naquelas figuras quando dizem que foram e realmente foram perseguidos,
torturados, censurados, por um inimigo palpável, que do nada apareciam,
quebrando, batendo e prendendo. Percebo também que alguns atingiram a meta
proposta que era a difusão de suas ideias; pois são pessoas onde visualiza-se
nitidamente o sucesso seja na política, literatura, cinema, música, no teatro e
em diversos cargos públicos. Pensando, alguns vivem memórias de tempos passados
e que a imobilidade causada por um bloqueio (in) consciente permite hoje
movimentos muito mais duros, orquestrados por inimigo muito mais poderoso, e, muito mais voluptuoso, o mercado do puro
dinheiro. Talvez a dificuldade se dê exatamente por isso, contaminados por este
vício, governos transformam-se em mercadores da alma alheia e às vezes até em
merca-honras, mesmo tendo na sua condução algumas pessoas que sabemos justas e
interessadas no desenvolvimento e felicidade do seu povo.
Ao contrário
da encenação passada, hoje, o poderio deste personagem é tamanho que realiza
toda sua apresentação com muita clareza e transparência, assumindo de vez o seu
papel; lastreado por uma turba que não sabe o que pensa, porque pensa e não
entende o que pensa nem o pensamento pensado. Trágico.
Júlio César de Carvalho Jota
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