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Eles não veem novelas, se enovelam em novelos humanos; não velam só revelam a novela humana em novenas sacroprofanas. Júlio César de Carval...

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sábado, 15 de junho de 2013

A face das fasces

          Quando caminhamos às 10 da noite aproveitando o frescor e o silêncio para relaxar o conjunto divino queremos fazer isto com o direito constitucional de ir e vir com tranquilidade e segurança; quando temos algum contratempo de saúde queremos um lugar que nos atenda com tudo aquilo que a ciência e a tecnologia nos possibilita e por pagarmos nossos impostos que são de uma elevada carga, este lugar tem que ser uma coisa pública; da mesma forma isto tem que acontecer com o ensino dos nossos filhos, em escolas públicas onde os ensinantes professores tenham a boa vontade aliada a um ganho justo e a condições estruturais condizentes com a importância deste tema para um país; quando queremos nos deslocar seja de que maneira for, de bicicleta, de ônibus, trem, metrô, carro, avião ou a pé a garantia de mobilidade também é constitucional, a infraestrutura dos modais de transporte tem que nos atender com a máxima potência de qualidade; o trabalho além de gerar auto estima no sujeito é aquilo que possibilita a sua existência neste quesito onde o dinheiro faz parte do kit, é uma necessidade e, não pode ser só para enganar o ronco do estômago, este trabalho tem que gerar renda suficiente para suprir todas as suas exigências enquanto ser urbano, de cultura, lazer, esporte, deslocamentos e quaisquer outras oportunidades que possam se lhe apresentar.
          Da mesma forma quando desobedecemos a uma má aplicação da Lei, nós o fazemos para forçar a obediência desta própria Lei pela autoridade que não a aplica de maneira justa, desobedecemos para que a ordem volte a ser restabelecida.
          Os movimentos continuam para buscar como sempre o conforto prometido nos discursos recheados de promessas que não se cumprem em uma democracia republicana que não se consolida.
          Querem nos enganar com esta face democrática, mas ela contém fasces de horrível lembrança, desde a Roma antiga até a mais recente italiana com o Mussolini.
          Percebo uma espécie de síndrome do vazio nos nossos jovens, que tem na memória fragmentos mal contados de uma revolução não tão longínqua acontecida no país há 50 anos passados; observo alguns comentários quando imaginam o desejo de algo parecido com o cheiro de 64, é compreensível, mas o mundo é outro. Naquela época da história tinha um tal de “alinhamento” que foi de acordo com alguns o motivador  daquele movimento; uma parte queria um alinhamento ideológico com a antiga URSS ou melhor com o capitalismo de Estado russo, outra parte queria um alinhamento com o capital multinacional da América que já administrava grandes negócios no trecho.
          Vivemos em um mundo desideologizado; direita e esquerda, hoje, são setas que só indicam o passo para o discurso mais conveniente. Não temos que nos alinhar mais com partidões, sejam eles de esquerda ou de direita. Não temos mais que aceitar essa prática do imprinting como diz um conhecido meu o Konrad, onde nos apaixonamos por um mestre pela falta de uma outra possibilidade. Não precisamos seguir falsos líderes, nem falsos profetas. Temos sim, tal qual nosso ritmo circadiano, seguir as batidas do nosso coração.
      Temos que arrancar de nossas guelras este anzol que tem uma linha comprida, dá impressão de liberdade de movimento, mas na outra ponta fora dágua tem uma vara e um “pesca dor” divertindo-se e locupletando-se com a nossa ignorância.
      Penso que em algum momento o gosto pelas ruas e calçadas voltará a seduzir a nós todos e perceberemos que ruas e calçadas são nossa propriedade, do cidadão. Quando voltarmos as ruas iremos observar que o trato não está sendo cumprido e que neste caso a nossa procuração poderá ser revogada.
         A tarefa hoje é muito mais complexa e árdua do que foi aquela no passado 64 e se formos observar alguns integrantes do governo que está batendo hoje foram os mesmos que supostamente apanharam no passado, nos bastidores consideram-se vitoriosos, embora midiaticamente e convenientemente falando mantém a imagem de vítimas do sistema, isto deve motivar algumas gargalhadas quando observam o grau de paixão que ainda exercem naqueles que imaginam que sabem.
        É um país com grau de corrupção elevadíssimo, o dinheiro desviado mata mais que o conjunto de ações marginais. Portanto a luta é maior, mais árdua. Não podemos deixar que entretenimentos desviem a nossa vigília. O meu desejo é que todos voltem a se apaixonar pelas ruas, calçadas e praças deste país. E que na minha cidade alguém as construa para que eu possa também me apaixonar por elas.

Júlio César de Carvalho J.

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