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Eles não veem novelas, se enovelam em novelos humanos; não velam só revelam a novela humana em novenas sacroprofanas. Júlio César de Carval...

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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Primeiro fogo

      Circulando pelo jardim, sou bruscamente afetado por uma luz muito forte, aparentemente uma luz solar, não sei ao certo; posso dizer que logo após recuperar-me dessa momentânea cegueira percebi, como atravessando um portal, duas figuras primevas, uma de frente para a outra ou uma testemunha da outra, sentadas sobre as pernas, segurando gravetos, uma delas parecendo muito satisfeita, sorria e ao mesmo tempo emitia sons, quando observava uma fumaça desprendendo-se de uma madeira um pouco mais grossa, semi fixada no solo, que atritava com a que estava em suas mãos. Entre a surpresa e o encantamento daquela visão, observar a forma primeira de fazer um fogo nascer, prossegui com o passo, mas a dúvida entre ter visto ou imaginado me fez virar o corpo; negar a fantasia faz o portal deixar de existir tal qual uma estrela cadente na sua velocidade e, o que de fato vejo são meus netos Cauê e Gabriel, lúdica e criativamente, fazendo o primeiro fogo de suas vidas. Hoje ato tão banal, mecânico, o riscar de um fósforo, o clique em um isqueiro, como se o fogo não existisse.  Mas torna-se fenômeno único, uma descoberta inédita, a visão do primeiro fogo na experimentação dos que se interessam.

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