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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Exame de próstata by Jota

Ah! Meu PSA não teve alterações. Mas não deveria ter ficado tanto tempo sem esta verificação. Relutei muito em fazer este exame de toque retal. Não tem choro, passou dos quarenta os cuidados com a saúde têm que ser outros. Fiz uma bateria de exames, aparentemente tudo normal. Embora comparando com 18 anos atrás, é... Já se foram 18 anos da minha última consulta... Até que fui bem.
Ouço comentários, piadinhas, sobre o exame de toque retal; é lugar comum mencionarem uma relutância do macho em abrir as pernas para o dedo do Urologista; assim como a mulher faz para a ginecologista. Depois de passar por esta experiência percebi que o incomodo de uma invasão, necessária, demonstra a louça que é o humano homem; de pernas abertas, ou de ladinho com as pernas encolhidas.
No consultório, baconiamente, o doutor investiga, se urino muito a noite, como vai a vida sexual e papo vai papo vem, tasca, tire a calça e cueca, como não uso a bendita cueca, já me desnudo de uma vez da cintura para baixo, é fiquei com a camisa. Deite-se ali, disse ele, deitei, apalpa aqui apalpa ali, mexe delicadamente no meu saco; explico para ele que sinto um frio intenso na perna à noite; no toque na canela já levanta a perna e a coloca naquela posição “ginecológica”, logo depois a outra, nestas alturas já de luva lambuzada o doutor muito delicadamente, explica; O toque só vai durar 5 segundos e... Pam. Ai!. Descobri naquele momento, no meu caso, que tenho o esfíncter transformado em guardião de uma porta que só sai, não permitindo o acesso de corpos estranhos e, que é da sua natureza mesmo; jogou por terra a estratégia do doutor.
Não sei se foi impressão minha, mas percebi um desapontamento no sujeito, disse lá um nome para o estreitamento e não ficasse preocupado, pois isto não era uma doença. Acontece que como o doutor não conseguiu demover o esfíncter da sua posição, teve que apelar para soluções tecnológicas e recomendou um ultrassom retal.
 Ingenuamente brincamos com esta situação e passamos a comentar toda estas ações com aqueles que são mais íntimos. Aí percebemos as sutis maldades; olha se o dedo do doutor não entrou... Imagina...Você já viu o tamanho do aparelho que eles vão querer introduzir em você, mais grosso e comprido. Dá para notar certo prazer nas mulheres, quase uma vingança, quando dizem das experiências delas para demonstrar como aquilo pode ser pior que imaginamos.
Estes exames normalmente são marcados com dias de antecedência, e, até a hora do exame somos estimulados de maneiras variadas. Tenho um amigo que fez com uma loura fenomenal, nas palavras dele: Ela me mandou virar de ladinho, passou a mão com uma delicadeza e terminou com uma rapidez. Penso que deve ter superado os cinco segundos do doutor.
Bom para fazer o exame, uma hora antes o sujeito tem que fazer uma lavagem intestinal e para que isto aconteça, uma bisnaga com um tipo de gel tem que ser introduzida no anus, pronto falei. Pensem comigo, uma bisnaguinha com no máximo 2 centímetros de comprimento e 1 milímetro de largura. Aquilo foi aterrorizante, o esfíncter se negou a receber aquela coisinha diminuta, quase inexistente; mas tinha que ser feito o que me obrigou a uma atitude mais drástica. Feito. Isso é apavorante quando imagina-se o instrumento que te espera
Fui para o exame; lá na recepção a impressão é que todos sabem o que você vai fazer. Os risinhos das atendentes, os olhares das recepcionistas. Aquilo dura uma eternidade; na realidade foram cinco minutos até a chamada para o exame. Após o nome anunciado; fui eu para uma ante sala antes do exame. A atendente, uma morena, cabelos longos, pede que eu tire a camisa e me deite naquela cama/maca; desaperte o cinto e desabotoe a calça, disse ela; vem com duas folhas de papel toalha e timidamente coloca na altura do meu umbigo, antes de sair pediu tranqüilidade e calma que o médico já viria, saiu e encostou a porta com a delicadeza de uma zen budista.
O doutor chega, oi fulano tudo bem, vamos concluir hoje esta investigação né mesmo? Olho para ele e hum hum - diz para abaixar as calças até a altura do joelho, vire para o lado esquerdo e encolha as pernas.
Fico ali desajeitado olhando o monitor; de repente o doutor passa uma espécie de gel e começa a introduzir algo no meu ânus... Pessoas, aquilo dói, mas dói muito. E... Pô cara isto é muito ruim, incomoda demais, e ele, calma, relaxa, depois que passar o esfíncter fica tudo bem, vira um pouco mais para lá, de ladinho, encolhe a perna; daí empurra, mas a coisa não vai – se você tencionar não consigo – tento uma distração vendo o meu interior por um ângulo jamais visto, através do monitor, não resolve, começo a suar de tal maneira que o cabelo fica encharcado.
O doutor depois desta beligerância com tão estreita figura, temeroso que algum estrago pudesse ser cometido naquela autorizada violação, decidiu, em uma rápida consulta ao manual da máquina, aumentar o potencial do som, de tal maneira que ele alcançasse o objeto de sua procura. Mas alguns segundos, senti um alívio, ele disse tudo certo, fique a vontade para se limpar, só assim percebi o sucesso daquela rápida manobra emergencial.
A boca não fecha, como que ironizando a própria situação de ter inaugurado um exame de toque retal, continuei fazendo troça desta experiência. Dando corda para roteiros comediosos.
Olhem o teor das conversas - Fulano já pensou se tem um necessidade de um novo exame com uma certa emergência? Fala com o doutor para te receitar um método de alargamento desse esfíncter. Um exercício básico, com instrumentos apropriados, começando com calibres baixos, depois com o tempo vai aumentando. Se quiser posso ajudar de uma forma mais delicada... Vôte!


Júlio César de Carvalho Jota

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