Ah! Meu PSA não
teve alterações. Mas não deveria ter ficado tanto tempo sem esta verificação.
Relutei muito em fazer este exame de toque retal. Não tem choro, passou dos
quarenta os cuidados com a saúde têm que ser outros. Fiz uma bateria de exames,
aparentemente tudo normal. Embora comparando com 18 anos atrás, é... Já se
foram 18 anos da minha última consulta... Até que fui bem.
Ouço
comentários, piadinhas, sobre o exame de toque retal; é lugar comum mencionarem
uma relutância do macho em abrir as pernas para o dedo do Urologista; assim
como a mulher faz para a ginecologista. Depois de passar por esta experiência
percebi que o incomodo de uma invasão, necessária, demonstra a louça que é o
humano homem; de pernas abertas, ou de ladinho com as pernas encolhidas.
No
consultório, baconiamente, o doutor investiga, se urino muito a noite, como vai
a vida sexual e papo vai papo vem, tasca, tire a calça e cueca, como não uso a
bendita cueca, já me desnudo de uma vez da cintura para baixo, é fiquei com a
camisa. Deite-se ali, disse ele, deitei, apalpa aqui apalpa ali, mexe
delicadamente no meu saco; explico para ele que sinto um frio intenso na perna
à noite; no toque na canela já levanta a perna e a coloca naquela posição
“ginecológica”, logo depois a outra, nestas alturas já de luva lambuzada o doutor
muito delicadamente, explica; O toque só vai durar 5 segundos e... Pam. Ai!. Descobri
naquele momento, no meu caso, que tenho o esfíncter transformado em guardião de
uma porta que só sai, não permitindo o acesso de corpos estranhos e, que é da
sua natureza mesmo; jogou por terra a estratégia do doutor.
Não sei se foi
impressão minha, mas percebi um desapontamento no sujeito, disse lá um nome
para o estreitamento e não ficasse preocupado, pois isto não era uma doença.
Acontece que como o doutor não conseguiu demover o esfíncter da sua posição,
teve que apelar para soluções tecnológicas e recomendou um ultrassom retal.
Ingenuamente brincamos com esta situação e
passamos a comentar toda estas ações com aqueles que são mais íntimos. Aí
percebemos as sutis maldades; olha se o dedo do doutor não entrou... Imagina...Você
já viu o tamanho do aparelho que eles vão querer introduzir em você, mais
grosso e comprido. Dá para notar certo prazer nas mulheres, quase uma vingança,
quando dizem das experiências delas para demonstrar como aquilo pode ser pior
que imaginamos.
Estes exames
normalmente são marcados com dias de antecedência, e, até a hora do exame somos
estimulados de maneiras variadas. Tenho um amigo que fez com uma loura
fenomenal, nas palavras dele: Ela me mandou virar de ladinho, passou a mão com
uma delicadeza e terminou com uma rapidez. Penso que deve ter superado os cinco
segundos do doutor.
Bom para fazer
o exame, uma hora antes o sujeito tem que fazer uma lavagem intestinal e para
que isto aconteça, uma bisnaga com um tipo de gel tem que ser introduzida no
anus, pronto falei. Pensem comigo, uma bisnaguinha com no máximo 2 centímetros de
comprimento e 1 milímetro
de largura. Aquilo foi aterrorizante, o esfíncter se negou a receber aquela
coisinha diminuta, quase inexistente; mas tinha que ser feito o que me obrigou
a uma atitude mais drástica. Feito. Isso é apavorante quando imagina-se o
instrumento que te espera
Fui para o
exame; lá na recepção a impressão é que todos sabem o que você vai fazer. Os
risinhos das atendentes, os olhares das recepcionistas. Aquilo dura uma
eternidade; na realidade foram cinco minutos até a chamada para o exame. Após o
nome anunciado; fui eu para uma ante sala antes do exame. A atendente, uma morena,
cabelos longos, pede que eu tire a camisa e me deite naquela cama/maca;
desaperte o cinto e desabotoe a calça, disse ela; vem com duas folhas de papel
toalha e timidamente coloca na altura do meu umbigo, antes de sair pediu
tranqüilidade e calma que o médico já viria, saiu e encostou a porta com a
delicadeza de uma zen budista.
O doutor
chega, oi fulano tudo bem, vamos concluir hoje esta investigação né mesmo? Olho
para ele e hum hum - diz para abaixar as calças até a altura do joelho, vire
para o lado esquerdo e encolha as pernas.
Fico ali
desajeitado olhando o monitor; de repente o doutor passa uma espécie de gel e
começa a introduzir algo no meu ânus... Pessoas, aquilo dói, mas dói muito. E...
Pô cara isto é muito ruim, incomoda demais, e ele, calma, relaxa, depois que
passar o esfíncter fica tudo bem, vira um pouco mais para lá, de ladinho,
encolhe a perna; daí empurra, mas a coisa não vai – se você tencionar não
consigo – tento uma distração vendo o meu interior por um ângulo jamais visto,
através do monitor, não resolve, começo a suar de tal maneira que o cabelo fica
encharcado.
O doutor
depois desta beligerância com tão estreita figura, temeroso que algum estrago
pudesse ser cometido naquela autorizada violação, decidiu, em uma rápida
consulta ao manual da máquina, aumentar o potencial do som, de tal maneira que
ele alcançasse o objeto de sua procura. Mas alguns segundos, senti um alívio,
ele disse tudo certo, fique a vontade para se limpar, só assim percebi o
sucesso daquela rápida manobra emergencial.
A boca não fecha,
como que ironizando a própria situação de ter inaugurado um exame de toque
retal, continuei fazendo troça desta experiência. Dando corda para roteiros
comediosos.
Olhem o teor
das conversas - Fulano já pensou se tem um necessidade de um novo exame com uma
certa emergência? Fala com o doutor para te receitar um método de alargamento
desse esfíncter. Um exercício básico, com instrumentos apropriados, começando
com calibres baixos, depois com o tempo vai aumentando. Se quiser posso ajudar
de uma forma mais delicada... Vôte!
Júlio César de Carvalho Jota
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