As gentes deste
planeta não conseguem mais viver sem fé, sem Rei, sem lei, sem tirano ou Estado,
sem consumir. Há muito não somos mais senhores de nós mesmos. Estamos
submetidos a um demônio que nos transforma em uma comunidade de consumidores
incapazes de parar de criar necessidades. Quem opera este gênio penetrou fundo
nas nossas entranhas e lentamente espalhou o não desejo de não desejar os
excessos.
O Capital
estrutura sua continuidade estimulando o consumo de forma cruel. Alguns países,
entre eles o Brasil, imagina o crescimento construindo seus pilares basicamente
no estímulo ao consumo; ficando o investimento em infraestrutura em
segundíssimo plano. Para que isto aconteça desejos ainda velados são sutilmente
estimulados de forma constante através de uma gama imensa de instrumentos que
estão exclusivamente submetidos as suas ordens.
No caso
brasileiro tivemos recentemente uma distribuição de renda através de vários
programas do governo de plantão que elevou a capacidade de consumo em regiões
até então fora do interesse deste ente. Se o pensamento fosse como disse um
conhecido, o Montaigne, “vícios particulares são úteis para um benefício
público”, teríamos uma resposta do Estado utilizando o muito que arrecada para
gerar qualidade de vida para seus cidadãos. O que percebo é que os vícios
particulares submeteram o Estado e os seus corredores transformaram-se em um
balcão de negócios, estes membros extras transformaram-no em um monstro
incontrolável superando em muito o Leviatã do Thomas.
Como o interesse
é o consumo criam-se facilidades para que isto se materialize, na fábrica e na
distribuição diminui-se a tributação. Para completar a cadeia e estimular o
consumidor, facilita-se o crédito, distribuindo-se dinheiro de plástico sem a
mínima dificuldade, alonga-se o prazo de pagamento de tal forma que o bem, que
nos dias de hoje já não é tão durável assim, acaba e a prestação continua.
A mercadoria é
só um detalhe.
Para manter a
ordem no cativeiro das contas penetra-se novamente na alma dessa comunidade de
consumidores e lá no fundo sussurra - você é honesto, cumpridor dos seus
deveres, honra os seus compromissos e contratos, sacrifica-se e a sua família
para manter o carnê em dia, para manter o seu nome limpo - esta vítima de juros
escorchantes amedrontada de não poder alimentar o seu vício de consumo
desnuda-se até a alma para alimentar a gula deste demônio.
Mas, cuidado, sem
investimento em infraestrutura, criando falsos pilares estimulando-se o consumo
acorda um outro gênio que não quer o poder das minorias, só mira os prazeres
que ela cultiva. Um convite para um rolezinho, vamos?
Disse tudo Júlio César. Enquanto isso, os impostos sobre materiais escolares é um absurdo, em uma caneta 47,5% é encargo, dá redução de impostos para carros, porém, em itens básicos para o desenvolvimento educacional, nada de incentivo.
ResponderExcluirSomos mineradores. As únicas transformações que praticamos é a do cerrado e florestas em grãos, montanhas em minérios e os empregos gerados são para robôs montarem veículos. J
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