Postagem em destaque

Fome de que

Eles não veem novelas, se enovelam em novelos humanos; não velam só revelam a novela humana em novenas sacroprofanas. Júlio César de Carval...

Pesquisar

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Um rolé.

As gentes deste planeta não conseguem mais viver sem fé, sem Rei, sem lei, sem tirano ou Estado, sem consumir. Há muito não somos mais senhores de nós mesmos. Estamos submetidos a um demônio que nos transforma em uma comunidade de consumidores incapazes de parar de criar necessidades. Quem opera este gênio penetrou fundo nas nossas entranhas e lentamente espalhou o não desejo de não desejar os excessos.
O Capital estrutura sua continuidade estimulando o consumo de forma cruel. Alguns países, entre eles o Brasil, imagina o crescimento construindo seus pilares basicamente no estímulo ao consumo; ficando o investimento em infraestrutura em segundíssimo plano. Para que isto aconteça desejos ainda velados são sutilmente estimulados de forma constante através de uma gama imensa de instrumentos que estão exclusivamente submetidos as suas ordens.
No caso brasileiro tivemos recentemente uma distribuição de renda através de vários programas do governo de plantão que elevou a capacidade de consumo em regiões até então fora do interesse deste ente. Se o pensamento fosse como disse um conhecido, o Montaigne, “vícios particulares são úteis para um benefício público”, teríamos uma resposta do Estado utilizando o muito que arrecada para gerar qualidade de vida para seus cidadãos. O que percebo é que os vícios particulares submeteram o Estado e os seus corredores transformaram-se em um balcão de negócios, estes membros extras transformaram-no em um monstro incontrolável superando em muito o Leviatã do Thomas.
Como o interesse é o consumo criam-se facilidades para que isto se materialize, na fábrica e na distribuição diminui-se a tributação. Para completar a cadeia e estimular o consumidor, facilita-se o crédito, distribuindo-se dinheiro de plástico sem a mínima dificuldade, alonga-se o prazo de pagamento de tal forma que o bem, que nos dias de hoje já não é tão durável assim, acaba e a prestação continua.
A mercadoria é só um detalhe.
Para manter a ordem no cativeiro das contas penetra-se novamente na alma dessa comunidade de consumidores e lá no fundo sussurra - você é honesto, cumpridor dos seus deveres, honra os seus compromissos e contratos, sacrifica-se e a sua família para manter o carnê em dia, para manter o seu nome limpo - esta vítima de juros escorchantes amedrontada de não poder alimentar o seu vício de consumo desnuda-se até a alma para alimentar a gula deste demônio.  
Mas, cuidado, sem investimento em infraestrutura, criando falsos pilares estimulando-se o consumo acorda um outro gênio que não quer o poder das minorias, só mira os prazeres que ela cultiva. Um convite para um rolezinho, vamos?

Júlio César de Carvalho Jota

2 comentários:

  1. Disse tudo Júlio César. Enquanto isso, os impostos sobre materiais escolares é um absurdo, em uma caneta 47,5% é encargo, dá redução de impostos para carros, porém, em itens básicos para o desenvolvimento educacional, nada de incentivo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Somos mineradores. As únicas transformações que praticamos é a do cerrado e florestas em grãos, montanhas em minérios e os empregos gerados são para robôs montarem veículos. J

      Excluir