Memórias
instigam meu pensamento. Conversando com meu neto Cauê sobre a diferença que
faz ter um banco de memória que não nos coloque a mercê da subjetividade de
terceiros; disse a ele que começo, meio e fim só no cinema assistindo a um
filme que através da catarse purga de certa forma os nossos sentimentos. Vida é
só ida e do começo nada sabemos, nascemos vazios.
Do momento
que fui parido até os três anos indo no tempo, com exceção de uma imagem que
imagino ter percebido quando tinha dois anos, o que existe é um fundo azul onde
são coladas variadas versões construídas por outros sujeitos que vão
estimulando a invenção de mim neste trecho.
Uma ilha de
edição natural, não linear, interminável, com um censor para lá de radical e
sua vã tentativa de limpar os ruídos que vão marcando a linha do tempo. Assim
penso este vai e vem das teimosas raspas esculpidas.
Júlio César de Carvalho J
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