Quem só pensa
em uma escultura de carnes, amparadas por músculos e nervos, maquiada com cores
e aromas, o que dá aparência saudável a carne, jamais admite a sua auto
decomposição, a sua irreversível e fétida corrupção. Paradoxalmente existem outros
que ignoram essa escultura, mas também não percebem sua decomposição, por
variados motivos imaginam-se além. Assim, estar aqui para nos desimundar passa
desapercebido.
Um
movimento dolorido esse de imaginar o corpo apodrecendo, sendo comido por
vermes, bactérias. As próprias células, ainda ativas, se auto devoram quando
automaticamente percebem a falta de padrão. Desestabilizadas são capazes de
destruir esta escultura em pouquíssimo tempo.
Mas mesmo
assim se perguntarmos àqueles que tiveram seu tempo vencido se querem ficar
mais alguns minutos, todos, desesperadamente, dirão sim. Não existe um dentro,
só o apetite que devora aquilo que esta fora, sem ruminar, sem digerir. Uma louca
e putrefata psicodelia.
Não ter
sentido é o sentido. Ignoram os mistérios. Viver virou um vício.
Júlio César
de Carvalho Jota
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