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domingo, 25 de agosto de 2013

Escultura de Carne

Quem só pensa em uma escultura de carnes, amparadas por músculos e nervos, maquiada com cores e aromas, o que dá aparência saudável a carne, jamais admite a sua auto decomposição, a sua irreversível e fétida corrupção. Paradoxalmente existem outros que ignoram essa escultura, mas também não percebem sua decomposição, por variados motivos imaginam-se além. Assim, estar aqui para nos desimundar passa desapercebido.
Um movimento dolorido esse de imaginar o corpo apodrecendo, sendo comido por vermes, bactérias. As próprias células, ainda ativas, se auto devoram quando automaticamente percebem a falta de padrão. Desestabilizadas são capazes de destruir esta escultura em pouquíssimo tempo.
Mas mesmo assim se perguntarmos àqueles que tiveram seu tempo vencido se querem ficar mais alguns minutos, todos, desesperadamente, dirão sim. Não existe um dentro, só o apetite que devora aquilo que esta fora, sem ruminar, sem digerir. Uma louca e putrefata psicodelia.
Não ter sentido é o sentido. Ignoram os mistérios. Viver virou um vício.


Júlio César de Carvalho Jota

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