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Eles não veem novelas, se enovelam em novelos humanos; não velam só revelam a novela humana em novenas sacroprofanas. Júlio César de Carval...

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sexta-feira, 26 de abril de 2013

Vermi-zinho


     
         Hoje, bem cedinho, na biblioteca do meu banheiro onde tenho lá alguns livros que revezam comigo estes momentos singulares; estava folheando quando percebi um animalzinho em uma das folhas, tipo um bichinho de goiaba, um vermi-zinho; fico ligado nele, no seu passeio pelas palavras, imagino um vermi-zinho intelectual, usando as patinhas como um scanner, mas não, ele quer sair daquelas páginas, facilito e seu serpentear o leva para a capa do livro, uma capa azul, ele gosta, fica eufórico, de um lado para o outro, lépido; imagino um vermi-zinho que adora um fundo azul, um cromaqui onde tudo é possível. O diminuto animal rastejava de um lado para outro, penso estar aterrorizado com seu isolamento e a sagacidade demonstrada na rapidez que fluía seu rastejamento era para tentar buscar outros vermi-zinhos antes que o cansaço e o medo o paralisassem. Já fora do banheiro e com pena do pobre bicho atirei-o dentro do composto orgânico que separo do lixo, estava aparentemente sem respirar, sem nenhuma esperança, mas percebendo a movimentação no composto de alguma parentela vi-o tomado por uma vigorosa energia que o fez vivo, muito vivo. Para um vermi-zinho o isolamento é insuportável, fatal.

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