Postagem em destaque

Fome de que

Eles não veem novelas, se enovelam em novelos humanos; não velam só revelam a novela humana em novenas sacroprofanas. Júlio César de Carval...

Pesquisar

domingo, 26 de junho de 2011

Um nó...Na garganta

     
      A produção está refém da distribuição. As grandes redes, por sua vez, encaram o produto como um mero detalhe, uma isca para os empréstimos, bancos que são.
      Como sempre o vício é responsável por questões de saúde pública, no caso, o consumo desenfreado daquilo que já nasce para o lixo; carros, eletrodomésticos, eletroeletrônicos, produtos de informática, celulares. São produtos com data de vencimento definida. A rapidez com que mudam as plantas das indústrias afetadas que são pelo avanço nas pesquisas, que transformam tecnologia de ponta hoje em objetos obsoletos daqui a pouco, fazem deste mundo um grande e poderoso aterro sanitário.
      Não sei se é por conveniência, mas não vejo tão disseminada nas ONGs e similares discursos que mencionem esta loucura de produção incontrolável. Falam da devastação das florestas, do avanço das máquinas por sobre o cerrado, das Baleias, Leões marinhos, mas aquilo que problematiza o drama humano, que são as questões urbanas, não vejo movimento. Ou melhor, o movimento existe por que a marcha não pode parar; e em sendo desta forma discursos que pregam a solução para os meninos de rua, do cigarro, do crack, da cocaína, do álcool, do contrabando de armas, de gente, de órgãos humanos, da falta de estrutura na saúde, na educação, o desemprego, a apropriação do tempo livre dos operários pelas empresas, desta tentativa de nos confinar em janelas luminosas eliminando as praças ou tornando-as inacessíveis para o encontro de gentes seja lá quais forem. Através de manobras midiáticas “transformam” as ruas em um inferno, fazendo com que o nosso desejo de sentir cheiros e ser lambido pelo vento e poeira da rua se esmaeça. Uma cidade cheia de coisas e indivíduos, mas vazia, perdeu-se o vínculo. Estes assuntos não serão solucionados.
      Como eliminar o produto que gera tantos projetos faraônicos, bancados pelo Estado brasileiro e por outros países, tendo figurinhas carimbadas como âncoras jurando de pé junto que a coisa é séria.
      Não temos que temer a pergunta, temos que gerar tridimensionalidade nestes fragmentos: Ver é preciso.

2 comentários:

  1. Por que você resiste em ler o bom e velho Marx, no esquecido capítulo I do Capital, "A mercadoria"? Lá você terá algumas pistas dos "porquês" que apresenta em seu texto.

    ResponderExcluir
  2. Pensar a distribuição como ponta do processo me remete a entender a mercadoria como algo sem valor; o sangue humano que brota no exercício da fabricação nas plantas de fabricação atual, arquitetadas para abastecer as grandes redes/bancos, retira a utilidade do fazer humano; passa a ser somente mais um item na composição do empréstimo. Um componente que me faz pensar a mercadoria como algo sem valor e destituída de utilidade é a forma como me fazem percebê-la: A agressividade da propaganda; que através de infinitas vias naturaliza o mercado e suas técnicas, causando um efeito na realidade. Por isso o artesão com a sua “preguiça” e a utilidade de seu labor, passa a ter um produto, o seu produto, hipervalorizado. Mas a indústria se adapta e....

    ResponderExcluir