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segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Nomadismo

Creio que o nomadismo intelectual é um exercício; esta possibilidade de uma caminhada pelo pensamento pensado pode ser muito produtiva se acompanhada posteriormente por um roçar de pele na realidade, fora do ar que nega o próprio clima. Enfrentar os 40 graus; sacralizando nossas profanidades sentindo o fragmento na própria pele.     O passo que constrói seguido do passo que desconstroi, não necessariamente nesta ordem, determina à dialética do passo que configura o caminho ou aquilo que desterritorializa para logo após reterritorializar, como diz Deleuze.  É um movimento constante, além de fortalecer nossa musculatura intelectual faz-nos transpirar, encorpando nosso caldo. Não confio nas janelas sem folhas, que me sugam com o seu clarão; procuro as janelas que me iluminem com suas diversas intensidades; tocar nesta rede tecida com teias multicoloridas me faz enxergar as fissuras que na maioria das vezes me põe em fuga exatamente por estranhar o estranhamento.
Nestas idas e vindas, trombando tal qual as moléculas; às vezes somos gás que dispersa livremente deixando o cheiro como rastro; as vezes somos liquido, não temos forma definida, temos volume, nos sentimos atraídos uns pelos outros, mas a proximidade é tanta que o movimento é tolhido, nos esbarramos constantemente na ânsia de atravessar, não conseguimos; e, quase sempre somos sólidos, presos uns aos outros, vibramos mas não escapamos: o deslocamento não é livre, teimamos com a fórmula de forma e volume definidos. Somos tudo isto interligados; refugiados nas próprias linhas, com medo de ter medos por isto buscamos sempre algo que nos acalme... Ou não.
No buraco Negro o que nos atrai é o clarão vaidoso de imaginar um mergulho com direito a planeio. Viajamos pelas bordas ladeadas por declives aparentemente sem fim e, nos seus meios, pontos que poderão ou não traçar linhas de retorno à borda.

Júlio César  - Jota


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