A
técnica dos artefatos, as pesquisas e a ação como algo potencializada no sujeito; que pode e tem
desejo de discernir, tem um alvo: O bem supremo. Para obter este desejo
pressupõe-se a liberdade de escolher um caminho que nos leve a tal; se o
conhecimento deste bem é que nos trará a felicidade, precisamos apontar qual
ciência o abriga no seu campo de pesquisa. E, para atingir o objetivo traçado é
necessária uma atividade que estude o maior número de ciências possíveis. No
pensamento aristotélico a política é a atividade que atende a natureza desta
ação; exatamente por encerrar em si as outras, poderá com mais capacidade
através de seus meios buscar o fim que é o bem humano, e, com certeza terá mais
liberdade para com justiça e beleza leva-lo, não só a um, mas a toda uma nação.
Ora,
o que é belo e justo e os próprios bens admitem uma variedade de opiniões, o
que levou muitos a não atingirem a felicidade com sua riqueza ou deixaram de
existir devido a sua coragem. Torna-se inútil, a arte da política, para os mais
novos, quando também permitem que as paixões controlem sua razão, a ciência não lhes trará nenhum ganho.
Tanto
os homens comuns quantos os cultos concordam que se existe um bem, este
bem é a felicidade. No entanto a maneira
como definem isto é bem diferente de um para o outro; o homem simples imagina
um conforto imediato que possa ser adquirido através dos bens materiais, o que
lhe traria muito prazer e facilitaria as coisas da honra. É certo que para o
homem que teve acesso a uma boa educação, este, já tem um bom caminho andado. O
homem comum imagina a vida como um autêntico gozo, porque ele confunde o prazer
com a felicidade, tal qual Sardanapalo; se não consegue de certa forma
descobrir o que está encoberto, fica com
Hesíodo quando, na obra Trabalho e Dias, diz: “....Mas o que por si não pensa,
nem acolhe a sabedoria alheia, Esse é, em verdade, uma criatura inútil”.
Para
alguns a honra é sinônimo de justeza, assim como para outros a virtude é a
finalidade de ser da política. O conforto material, ter bastante dinheiro, é só
um meio que pode ser utilizado para atingir outros fins.
É
preferível estabelecer a verdade, apesar da estima que possa existir pelos
primeiros que trataram das idéias, porque não é admissível permitir que algo
danoso continue a evitar que a verdade venha à tona.
A
Universalidade do bem em uma única categoria, não acontece porque ele esta
predicado em todas as categorias. Mas mesmo que ele fosse predicado em uma
única categoria e, fosse apartado e livre, nós não o alcançaríamos; o que
procuramos é algo alcançável. Buscamos o bem de várias maneiras exatamente por
imaginar que desta forma chegamos a felicidade. A variabilidade dos fins, faz
com que alguns fins sejam absolutos transitórios; mas a intenção é o sumo bem
que é absoluto.
Nem todos os prazeres são prazeres para todos os homens; alguns
amam um animal, outros um espetáculo, a própria justeza é motivo de prazer.
Então na maioria dos homens, prazeres estão em colisão uns com os outros, porque não atendem os desejos de
todos os homens de forma universal. Os atos nobres e virtuosos precisam de bens
externos que servirão de caminho para chegar a felicidade; que poderiam ser a
beleza, ser bem nascido, ou ter uma boa origem, ter filhos bons, ser
afortunado. Só o homem adulto pode ser feliz, mas assim como a criança é a
esperança de felicidade, um velho que tenha alcançado a felicidade, também pode
deixar de possui-la. Poderia ser um presente de Deus, ou uma coisa que viesse
com o trabalho diário e, se for este o caso, não deixaria de ser uma recompensa
divina porque o fim de todo movimento é o bem supremo. E a atividade diária
dedicada à busca deste bem, apesar e porque não dizer devido aos revezes, é que fará
dos homens seres lembrados na sua essência.
Compreendendo
o universo da virtude talvez possamos compreender melhor o que é e, como
alcançar a felicidade que é um ato da alma. Embora a alma e o corpo tenham
movimentos diferentes, existe entre eles uma relação de interesses e, no homem
que busca as honras e a virtude, é necessária a temperança, que é o meio termo entre os excessos para mais ou
para menos. Praticando as virtudes intelectuais passa a ver as virtudes morais
como necessárias para chegar a felicidade plena. Se aceitamos o fim supremo
procuramos de todas as maneiras meios para atingir o bem(fim) supremo.
Procuramos
sempre o que nos faz bem e, o que nos faz bem nos dá prazer, mesmo contrariando
alguns que dizem ser o prazer uma coisa ruim. Ao orientarmos os mais novos, o
caminho sempre nos leva ao prazer e a dor, o que causa muitas discussões. Se fazer
uma boa refeição é prazeroso, comer em excesso pode nos fazer mal; Como
sentiria o prazer de um homem praticando a honestidade se não sou honesto. Tem
coisas que são prazer em si mesmas; algumas coisas da nossa natureza que
independente de nos causar prazer ou não precisamos que funcionem bem, como é o
caso da vista, da memória, de ter causas nobres. A vida é ação e o prazer é o
complemento desta atividade.
Os
tiranos adoram um produtor de eventos; são ações produzidas e conduzidas para
de certa forma fragilizar a observação e, são
necessárias para o controle do reino. Desta forma podemos dizer que a
felicidade advinda do divertimento não é o fim buscado.
Podemos
dizer que ter o conhecimento é mais prazeroso que a indagação; e o filósofo tem
a possibilidade de buscar a verdade quanto mais conhecimento tiver,
independente das outras coisas. E se a razão é que possibilita isto ao homem
exatamente porque a razão é parte do homem, é fato que esta é uma vida mais
feliz. A Contemplação é um bem em si mesma e é para onde a felicidade tende; o
complemento seria uma qualidade de vida na medida, sem excessos; e, se os
deuses se envolvem nos casos humanos seriam mais íntimos daqueles que lhes
honrassem acima dos outros bens; donde se conclui que o filósofo por ser o
detentor de todos estes atributos será o homem mais feliz.
O que
queremos é o bem supremo; mas como só
alguns são bem nascidos e belos, o que de certa forma lhes facilitaria o passo
para descobrir o caminho e, dentre estes a maioria mesmo com estes privilégios
ainda não conseguem; imaginemos a grandíssima maioria, o povo que não tem um
nascimento adequado e belo, estes com certeza terão muito mais dificuldades,
pois vivem só as suas paixões incontroláveis que dificulta qualquer relação de
argumentação.
Como nem todos os homens são influenciados pela transmissão de
conhecimento, temos que tornear hábitos que os nutram de desejo pelas virtudes.
Como a família não tem poder suficiente para conduzir os passos que formariam o
homem desejado, é necessário criar uma estrutura onde o estado assuma a autoria
desta formação; criando boas leis que dê suporte ao lar, este de certa forma
até determinada idade tem o controle dos filhos bem jovens. Estas leis, estes
estudos, para descobrir a melhor forma de construir isto, teriam que ser
realizados pelos que de certa maneira já detém o conhecimento particular e
universal; onde podemos pensar que a política é o terreno adequado para
cultivar esta semente.
Júlio César de Carvalho J
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