Revolução dos outsiders; como em Comida de Arnaldo Antunes / Marcelo Fromer / Sérgio Britto. A massa mudou de fase, a da sobrevivência que garantia o estomago já era, o lance agora é dinheiro, fronteiras abertas para qualquer parte, não interessa a arte, ainda não, o entretenimento lhe basta. De acordo com o oficial de plantão, foi elevada a condição de classe média, a distribuição a quer, pois é onde o produto se encaixa. Os estabelecidos se cuidem, como diz um conhecido meu o Elias.
Não dá mais para usar extremos tão banalizados pelo discurso conveniente; os com e os sem ou quem está dentro e os de fora. A escolha passeia, sendo feita naquela possibilidade que poderá gerar mais prazer naquele que agora pode, pode?
Necessário dar certa dinamicidade aos conceitos. Outro conhecido, o Gilles, diz “conceitos são monstros que se alimentam de seus próprios pedaços”, ou liquidificamos para encorpar o caldo, assim penso. E mesmo com a experiência do sujeito podendo ser inédita, o ineditismo não existe. Posso experienciar como o fogo do início era concebido, mas hoje fizeram-no tão banal.
Fico pensando nesse ocidental ou acidental mundo de cada um, onde a maioria oferece o corpo para penitencia imaginando desta forma ser merecedora do paraíso; ora para que nenhum mal lhes aconteça e tem a esperança que algo de bom lhes favoreça. Lembrando que penitência e paraíso são de um mesmo fornecedor completamente dominado por uma rede de distribuição competente e cruel.
Os meninos lá na torre para facilitar e encobrir a sua proposital ingerência, mas utilizando os pensadores de agora aliados a uma rede de (in)comunicação, vão criando mais penitências com promessas de remissão já atreladas; essa massa, desejando, pensando que pode, vai sendo engabelada com prazeres fáceis e se auto imagina ter alcançado a demência da minoria gulosa.
Enquanto isso, os dos semáforos vão da infância a velhice com uma rapidez aterrorizante; não nego troco para inteirar o goró para nenhum deles. São honestos quando dizem: “... não temos a menor chance. Esta é a forma mais prazerosa... Barata, para o fim”. Como são assíduos nas esquinas, sabedores da sua inclusão (na contramão de globais sociólogos repetitivos) - são donos das ruas e calçadas - forçam amizade.
A carapaça frágil que encobre um corpo em decomposição, não suporta o ritmo alucinante da realidade escolhida, por isso vão morrendo aos montes, mortes ignoradas; outros montes ocupam os lugares. Sem teto, sem terra, sem comida, sem bebida, sem qualquer coisa, mortos vivos vivos, loteiam, demarcam a cidade, de certa forma ordenam o confinamento. Esperança, futuro - nada - não existe um ditame, o inesperado comanda.
Júlio César de Carvalho Jota
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