Avenida 15 de novembro, 01:30 da madrugada, calçadão das mariposas, fomos eu, Juan e Werslei fazer algumas experiências com imagens que imaginávamos colher descendo a 15 até a Ponte Velha, no Porto. Juan cinegrafando, Wersley corrigindo luz, de repente ....
Surge, como naqueles truques de fumaça, um Samurai Pantaneiro, chapéu de palhinha, cobrindo uma longa cabeleira caindo pelos ombros, um capote escuro que cobria-o até a altura dos joelhos decalcado com botons de movimentos sociais, no canto direito da boca um comprido paieiro já em brasa. Brandindo uma espécie de vara ou seria uma espada!? Fazendo alegorias, mergulhos, saltos e rolamentos; esta vara, parecida com Guatambu do cerrado, inesperadamente transforma-se em uma espingarda de repetição com a qual começa a atirar em inimigos invisíveis, e, ao mesmo tempo em que atira profere palavras de ordem, “viva Dante”... Como nos passos que dou sempre desejo muito encontrar um morador da rua meio filósofo , assim que ele diz “viva Dante” fico todo arrepiado imaginando a proximidade com uma personagem sonhada, mas ele completa “de Oliveira”. Um corte seco interrompe cenas sonhadas e me remete de volta a batalha travada ali no calçadão.
Mesmo seduzido pela câmera, por alguns instantes a impressão é que perde o controle daquela encenação e vê-se momentaneamente em um acampamento sofrendo ataque de forças invasoras.
Ah! Aquela vara procura um oponente real e o encontra; a ponta daquela ilusória espingarda atinge com um toque/tiro a lente grande angular que estávamos usando.
Pensando este momento percebo como nos desviamos de uma história contada ali, única, sem ter como repetir as cenas gravadas, porque nos preocupamos mais com uma avaria no mecanismo, coloca-se a mão no bolso imaginando-o vazio. Prejuízo da alma.
O cara continuava com as suas evoluções e nós solidários com a máquina; perdíamos frames e mais frames, irrecuperáveis. Assim como veio sumiu. Às vezes saio pela noite, câmera pronta, procurando à fumaça que causaria a aparição deste Samurai.
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