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Eles não veem novelas, se enovelam em novelos humanos; não velam só revelam a novela humana em novenas sacroprofanas. Júlio César de Carval...

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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

A-parição de Maria

Novembro de 1910, Sul de Minas. Chuvarada e um inverno fora de hora, rigoroso com pastagens e cafezais. Seu Augusto sentado sobre as pernas na parte baixa do fogão a lenha, esculpia pensamentos, envolto pela fumaça do paieiro. Homem simples não dimensionava o tamanho da sua riqueza, por isso morava em uma casa de pau-a-pique, chão de barro batido, coberta com folhas de bacuri. Dona Josefina de Jesus, mulher de Augusto, envolvida com as tramas do crochê um olho no ponto, o outro na pequena Maria nascida a pouco nas mãos de parteira. Zé Fidélis tinha acabado de sair e dona Josefina de Jesus não escondia o seu descontentamento com aquela visita, era um caboclo esquisito, tinha pelos nas orelhas, no nariz, unhas pontiguadas, compridas e comia de uma forma estranha colocando a boca quase dentro do prato. Tinha um olhar sem olho de um quase assédio a criança parida.

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