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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Ficção

      Todos têm seus interesses e lutam por eles, ocupando os espaços abandonados pelo desinteresse do outro. Nas recentes cenas da violência midiatizada, onde as mesmas imagens são repetidas quase que indefinidamente, geradas a partir do morro estigmatizado, me pergunto: Quais os espaços de interesse estão sendo ocupados neste movimento?
      Pois a impressão é que naquele lugar todas as ações são cometidas, como se ali estivesse constituído um estado independente com governo próprio, com seu executivo, legislativo e o judiciário. Da forma como nos é mostrado devem ter, estrategicamente, um exército bem aquartelado com arsenal próprio, indústrias e fábricas que desenvolvem seus equipamentos de guerra e o mais importante, a matéria prima para manufatura, que fazem os números de seu PIB, tais como; canabis, folhas de coca, de papoula e minérios são extraídas do morro. São auto-suficientes. Não necessitando de nenhuma parceria com estados que compõe o seu entorno. São desnecessários embaixadores ou representantes para exercitarem um movimento de boa vizinhança.
      Nas questões econômicas são bem resolvidos, pois o que produzem consomem no próprio morro. Uma economia auto-sustentável.
      Têm um problema grave de política interna que ainda não solucionaram, o mandato não tem um período definido e, por isto, a transição é muito conturbada.
      Por outro lado, estados que compõe o seu entorno, vendo possibilidades lucrativas tanto nas questões financeiras quanto nas questões de controle social, procuram se aliar, mas como não conseguem mapear a própria gestão metem os pés pelas mãos e acabam se submetendo e cedendo espaços para outros interesses.

      Será ficção?

      Pensando, se as coisas se passassem desta maneira talvez fosse mais fácil para o entendimento, mas o que acontece é que os discursos intermináveis que superam o desejo de solucionar aquilo que causa a infelicidade e o mal estar nos cidadãos, interessa àqueles que ocupam os espaços abandonados pelo Estado. E novamente me pergunto. Esta “perca” de controle pelo Estado, beneficia quais interesses?
      A violência e seus efeitos estão diretamente ligados a uma poderosa indústria que caminha pela simples colocação de um portão eletrônico até a blindagem, caríssima, de carros dos nossos “executivos”; empresas especializadas em segurança armada, em segurança residencial, comercial, industrial; o aumento de efetivos militares com a ampliação de seus respectivos orçamentos.
      Estes dias por ocasião dos combates no Rio e com a queda de um helicóptero, o presidente imediatamente disse que reporia aquela unidade que custa só doze milhões de reais. Logo em um outro quadro uma senhora aparece catando as cápsulas que foram disparadas dizendo “vendo para aumentar minha renda”. Se a cápsula detonada vale, perguntem-se quanto custa cada bala daqueles fuzis.
      O Brasil gasta 11% do PIB só com os efeitos da violência; enquanto isto faltam salas de aulas e seus equipamentos.
      As trocas de tiros não param no morro, dêem mais alguns milhões para eles. Continua....

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