1959. Córrego do Ouro pequeno distrito de Campos Gerais, Sul de Minas. Estávamos no meio de uma extensa lavoura de café. Zezé, fósforo na mão, abaixou-se e pegou um enorme broto de chuchu seco, colocou no canto da boca riscou o fósforo e acendeu aquele ramo depois ofereceu como em um ritual tribal dos grandes filmes de faroeste; naquele momento com a fumaça tecendo a sua magia dei a minha primeira tragada. Logo, saímos em louca cavalgada driblando os imensos pés de café como se fossem montanhas. O dia era longo e nos aventuramos naquele terreno sinuoso. Descobrimos um pequeno vale onde um leito de água navegava fazendo curvas e versos sonoros. Zezé parou numa pequena ribanceira e me convidou para deixarmos o rio mais caudaloso... Época de colheita e dezenas de pessoas após os grãos colhidos numa coreografia impressionante iam peneirar o café, jogavam-no para o alto e antes da volta para o fundo da peneira sopravam com força formando aquela nuvem de cascas e pó. Tio Joel apareceu com uma pequena peneira colocando-a em minhas mãos desafiando-me a abanar o café, nas minhas peneiradas os grãos não tinham a obrigação de voltar para a peneira podendo a sua livre escolha tomar o caminho que lhes interessasse. Mamãe olhava aquilo e sorria largo apesar do preto vestido.Vovô tinha falecido e a nossa ida era para prestar as homenagens naquele rito de passagem...
sexta-feira, 30 de abril de 2010
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Adorei a sua história verdadeira, com nuanças vigorosas. beijos te amo.
ResponderExcluirEstas histórias estão arrebentando a tranca que as engaveta e querem sair. Vou contando-as. BeiJota
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