Conectar-se ou rela(r)cionar-se eis a questão.
No rela(r)cionamento o sujeito se sujeita à algumas censuras no seu comportamento; não pode peidar, arrotar, enfiar o dedo no nariz; no caso do homem, e, de algumas mulheres, coçar o saco também pode ser um inconveniente insustentável; se estiver com mal hálito, ta fodido o cabra. Fumar um paieirozinho lá das bandas de Goiás nem pensar. Nos desacostumamos com os nossos cheiros.
Na conexão tudo isto cai por terra; afinal web cam e microfone não são necessários e ainda não criaram a possibilidade de sentirmos os cheiros viajando pela net. Até a fotinha pra identificação pode ser editada e, tem gente que troca aquilo todo dia, que paciência. Sem falar nas correntes diárias de apoio as injustiças do mundo.
Confortavelmente instalado posso protestar contra as tribos africanas, de regiões subsaarianas, que tem entre seus costumes mutilar o clitóris de suas mulheres (140 milhões de mulheres passaram por isto). Mas posso também seguir aqueles que aprovam Simone de Beauvoir quando ela diz que mulheres são “um produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam de feminino”.
Quando há um descontrole e as opiniões causam uma beligerância, o máximo que acontece é marcar um duelo nestes joguinhos on-line ou um prejuízo quando se arremessa o teclado no monitor ou na parede em cima de uma tela de algum artista contemporâneo. Se estivéssemos em um boteco, tomando uma gelaaaaada, nos rela(r)cionando, com certeza a turma do deixa disso já teria apaziguado as questões não compreendidas.
Por outro lado, com meu lap top e um modem 3 G, posso estar no banheiro, junto a minha biblioteca particular (imagino que quase todos tem uma no banheiro, né mesmo!), dando aquela cagada, e, com aquelas teclinhas famosas, “control C e control V “, desfiar a minha intelectualidade copiando e colando alguns poemas de Pessoa, pensamentos de Schopenhauer ou colando vídeos do Led, do Pink ou do Raul.
Conectado apoio ações de direitos humanos no Iraque, no Haiti, na Indonésia, no Afeganistão e, isto, de certa forma auto justifica a minha incompetência em não tentar entender e compreender o que está no meu entorno. Enfim dou meu sacolão internético diário e compro a minha consciência.
Estou digitando aqui do Norte de Mato Grosso, no meio de uma pajelança, em uma aldeia próxima da divisa do prata com a bacia amazônica.
Abraço internético, não podia ser de outra forma, né mesmo!
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